A história da humanidade nos leva a entender que estamos em
constante processo de mudança. E, sabemos, nem toda mudança é, necessariamente,
evolução...
Nas últimas décadas, com o fenômeno da globalização,
cunhou-se a expressão: Um mundo sem fronteiras. Sem fronteiras? Mas não é o
limite estruturante? O sujeito não precisa entender o que é dentro e o que é
fora? O que é seu e o que é do outro?
Quando se perde essa barreira entre o eu e o outro abre-se
espaço para o sofrimento. É preciso haver diferenciação para que o sujeito
possa imprimir sua marca no mundo. Se não há fronteiras, não sei bem quem sou
ou para onde vou. Não sei como ancorar o meu desejo. Tudo é espraiamento...
Meu quintal termina quando começa a cerca do outro, um dito
popular quase em desuso, sinal dos tempos modernos. Refletir sobre a
necessidade das cercas, simbólicas que sejam, tem sido tarefa rotineira nos
consultórios de Psicologia. O mundo globalizado e sem fronteiras, pode ser
também o mundo do desamparo, pois na dificuldade da diferenciação encontramos
indivíduos presos na impotência e na dependência.
A singularidade é a nossa marca no mundo.
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