“Quando
encaramos a tempestade, descobrimos que o abrigo somos nós. ”
(Grey’s
Anatomy)
CONFESSO!!!!!!
Sou fã da série Grey’s Anatomy!!! Psicólogos também têm suas paixões e algumas
podem ser bem estranhas. Já vi a série
toda, mas às vezes, escolho algum episódio aleatoriamente para distrair... Dia desses, me deparei com a frase acima.
E estamos
no meio de uma tempestade. Pelo menos é assim que eu sinto.... Um pouco à deriva,
talvez, por isso o medo esteja rondando muitas pessoas. É um tempo bastante
desconfortável, onde todos teremos que enfrentar medos diversos, alguns que
estavam adormecidos, outros calados sob a força de muita pressão. O problema maior
é que todos esses medos vão querer gritar ao mesmo tempo, vão querer encontrar
abrigo. Muitas pessoas terão dificuldade em lidar com a angústia proveniente da
tempestade...
É
importante o autoconhecimento e a terapia ajuda nesse processo, saber quem somos,
o que desejamos, para onde queremos ir, pode apontar caminhos mais seguros na
hora em que a crise chega. Permite que tenhamos sabedoria para reconhecer os
sinais que nossa alma envia.
É natural
que tenhamos medo. Há uma ameaça real, estamos vivendo uma experiência absolutamente
nova. Considerando o medo normal, há uma tendência a AÇÃO. Buscamos proteção
contra a ameaça, sabemos quais recursos temos, sabemos quais são nossos pontos
de fragilidade e é esse conhecimento que nos permite atravessar a crise.
Permite nossa preservação.
Mas, há o
medo patológico e esse se traduz em PARALISIA. Nesses casos, o sofrimento será
vivenciado com uma intensidade muito maior, com uma tendência a exacerbar a angústia.
E, diante disso, esse indivíduo estará mais vulnerável diante da tempestade, com
possibilidades reduzidas de buscar abrigo e proteção. E o sofrimento o lança em
uma sensação de desamparo e queda sem fim.
Quando uma
pessoa se permite mergulhar na própria história, diante de uma crise ela pode começar
a buscar o colete salva-vidas antes do barco virar e isso pode fazer uma
diferença significativa na preservação da vida. No medo paralisante, muitas
vezes, o afogamento se dá pelo embotamento da visão, não há confiança o
bastante na capacidade de autoproteção.
Não precisa
ser assim! Procure ajuda. Existem profissionais capacitados, que poderão
acolher seu sofrimento, que poderão ajudá-lo a fazer a travessia. Não apenas
dessa tempestade real, mas de todas que você vem atravessando e se machucando
ao esbarrar nos escombros como um náufrago. Permita-se. A vida é muito breve para você não
viver com a intensidade e a beleza que está contida nela.
Essa
tempestade vai passar. Todas passam. E todas deixam marcas. Algumas muito
intensas e outras mais suaves. Não sabemos como essa irá acabar. E não sabemos
quando vai acabar. Até lá, todos precisarão utilizar os recursos internos que dispõem
para avançar e encontrar um porto seguro.
Em tempos
de crise, para pessoas com pré-disposição a desenvolver algum transtorno
psicológico o risco se acentua. É preciso ficar atento. Importante buscar
alternativas para aliviar a tensão e é fundamental ter cuidado com uso de drogas,
tanto as lícitas quanto as não lícitas. Para evitar o desenvolvimento de dependência.
Procure
alternativas saudáveis para cuidar da sua saúde psíquica. Meditação pode ser um
grande auxílio, bem como atividade física, cuidar de plantas, ler, assistir filmes ou
séries, preparar uma refeição, organizar um armário, ligar para alguém de confiança,
fazer um curso online (há várias plataformas disponibilizando conteúdos gratuitos).
Mas entenda, são apenas sugestões, é preciso se identificar com algo que faça
sentido para você. O importante é reagir.
No final de
tudo, algumas pessoas perceberão que o abrigo esteve sempre mais perto do que
pensavam. Porque estava dentro de cada um.
Se precisar
de ajuda não hesite em acenar, pedir socorro, pedir colo, pedir um alento, um
aconchego. Só não vale naufragar.
Por Mariangela Venas