terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O tempo

(Vídeo disponibilizado no You Tube) 

Não estou fazendo propaganda do banco, apenas compartilhando a belíssima mensagem que eles produziram...

Muito oportuna, por sinal...

Neste momento, geralmente nos cercamos de listas de decisões para o ano novo que começa a despontar no horizonte. 

Angustiados, nos damos conta da rapidez com que o tempo passou: Natal!!!!! Já???? Temos a impressão de que a última bola da árvore de Natal ainda não foi guardada... Parecia que ela rolava pela sala alguns dias atrás... 

Mas o tempo passou... E como você passou o seu  tempo? 


Por Mariangela Venas


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Lembrar sempre:

(Foto de arquivo pessoal)


"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."

(Carl Jung)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Precariedades nas relações contemporâneas - Do alimento ao afeto


Nos últimos tempos, tenho estudado com mais afinco a problemática dos Transtornos Alimentares. A participação, desde 2012, em um grupo de estudos trouxe o primeiro fruto: Um artigo publicado no livro A estética alimentar no desenvolvimento humano (Marcia Zart – Org).

Divulgar este livro tem sido uma constante alegria, porque foi algo que desejei muito. Costumo dizer para as pessoas que atendo: Nosso desejo é o que nos move...

O trabalho realizado com as colegas de profissão - Dirce de Sá Freire, Eduarda F. Amaral e Renata Azevedo Teixeira - certamente, me fez uma profissional melhor. Gratidão pelo acolhimento e cuidado que marcaram o desenvolvimento do nosso trabalho.

Que venham novos frutos!!!!! Que sejam “saboráveis”, palavra usada por minha filha - quando bem pequena - e queria dizer que estava comendo algo saboroso e saudável!!!





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Por Mariangela Venas

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O poder da palavra. Continuação...





E não é que Guimarães Rosa resumiu de forma poética um processo de psicoterapia!!!!



“Não sei, não sei. Não devia de estar relembrando isto, contando assim o sombrio das coisas. Lenga-lenga! Não devia de. O senhor é de fora, meu amigo mas meu estranho. Mas, talvez por isto mesmo. Falar com o estranho assim, que bem ouve e logo longe se vai embora, é um segundo proveito: faz do jeito que eu falasse mais mesmo comigo. ”

(João Guimarães Rosa em Grande sertão: veredas. 1956)


A palavra liberta. Instala novos caminhos, novos horizontes.


(Foto de arquivo pessoal)



                                            Por Mariangela Venas

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O poder da palavra...



Esta imagem é realmente muito valiosa! É preciso que as pessoas possam entender o valor da palavra... vejo tanta gente calando a dor  e, invariavelmente, adoecendo. 

Até quando? Há uma grande resistência em procurar um psicólogo, em aceitar que pode haver um espaço para elaboração deste conteúdo que incomoda, que gera uma dorzinha que não se sabe muito bem aonde está doendo, mas que pulsa intensamente e emperra a vida, inibe o amor. 

Até quando? Infelizmente esta resistência ainda é fruto do preconceito. De uma ideia pré-estabelecida que  psicólogo trata de maluco!!!!!!! Psicólogos apenas acolhem pessoas que estão em sofrimento psíquico.


Ouvi recentemente: "Mariangela, eu queria enfiar a mão na garganta e puxar tudo, toda esta angústia!"...

E há aqueles que, na impossibilidade de falar, porque se habituaram a engolir a dor, o abuso, os maus tratos, a indiferença, a omissão, a negligência... Vomitam! Na esperança de obter algum alívio, ainda que momentâneo.

Não precisa deixar doer tanto. Ouça seu coração, quando ele disser que está doendo além da conta procure ajuda...

A vida tem muitas cores, sons, sabores para que você não se permita sorvê-los. 

Lembre-se: O que não vira palavra, vira sintoma...



Por Mariangela Venas


domingo, 4 de setembro de 2016

IMPORTANTE!!!!!




CRP-RJ endossa campanha do Setembro Amarelo pela prevenção ao suicídio
Para ampliar o debate sobre o suicídio, tema ainda considerado como um tabu, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou, em 2015, o Setembro Amarelo, marcando o Mês Internacional de Prevenção ao Suicídio.

O CRP-RJ adere à campanha Setembro Amarelo e convoca as (os) psicólogas (os) à reflexão sobre a grande e crescente ocorrência de suicídios motivados por situações de violações de direitos, violência e intolerância contra grupos minoritários politicamente , para além dos dramas individuais e em decorrência de transtornos mentais.

(Informativo CRP-RJ)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Crianças. Acolher. Cuidar. Amar...



Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras. Hoje, vou arriscar! Vou deixar com vocês a imagem acima...

Do que ela fala? Este bebê havia nascido na noite anterior à tarde em que a foto foi tirada. Reparem que ele segura com firmeza a mão ofertada. Esta imagem me remete a palavra confiança.

Breve viagem no tempo... estamos na década de 1990, eu ainda era uma estudante de Psicologia, o supervisor de estágio pergunta-nos se sabemos o significado da palavra confiar. Todos tentamos dar a melhor definição, queremos impressionar... e ele nos traz uma definição repleta de simbolismo: confiar é fiar (tecer) o fio da vida com alguém...

Retorno para imagem... esta criança acabou de nascer. Ela sabe muito pouco sobre o que há ao seu redor. Tudo o que ela quer é encontrar uma mãe suficientemente boa, que possa acolhê-la em toda sua potencialidade. Ela confia.

P.S. este texto é uma homenagem ao pequeno Arthur, que alegrou muitas vidas com sua chegada neste mundo tão cheio de contradições. Ele já sabe que há quem possa fiar com ele o fio da Vida.


Por Mariangela Venas


segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sofrimento



Semana passada, tratava no consultório a questão da dor. Falava sobre o fato dela estar ligada a um objeto, enquanto que o sofrimento (na ocasião, usamos a expressão angústia) compreende um vazio intenso, como uma desintegração psíquica.


E hoje, ao ler o texto Bioética, dor e sofrimento, de José Paulo Drummond*, deparo-me com esta ideia tão eloquente:


“A dor exige compreensão racional e o sofrimento pede entendimento afetivo.


Podemos traçar o seguinte paralelismo entre dor e sofrimento: a dor grita, o sofrimento lamentase; a dor transita, o sofrimento esmaga; a dor mutila, o sofrimento desintegra; a dor é percepção presente, um “agora” sensível, o sofrimento é passado, memória, um “sempre” subjacente; a dor é matéria que se faz cognição, o sofrimento é (re) sentimento que se faz matéria (lesões psicossomáticas); a dor aponta para um local, o sofrimento é um todo difuso; a dor necessita falar, se manifesta por interrogações e interjeições, o sofrimento tende ao silêncio, a se exprimir por lágrimas, na expressão de santo Agostinho, este “colírio da alma”, o coração liquefeito a dissolver os nós.”


Espero sempre poder compreender racionalmente a dor de quem me procura como Psicóloga, mas, principalmente, quero ter o entendimento afetivo necessário para acolher e cuidar do sofrimento que atormenta este, que me elege como alguém que pode trilhar com ele o caminho da sua existência...


Por Mariangela Venas




* José Paulo Drummond é livredocente e professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Um bom filme...




O filme traz um recorte muito interessante da trajetória desta revolucionária psiquiatra brasileira.


Uma frase que marca a sua prática em Saúde Mental:


" O que melhora o atendimento é o contato afetivo de uma pessoa com outra. O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito. "

(Nise da Silveira)

Me curvo diante desta afirmativa porque - cotidianamente - procuro vivenciá-la na minha prática como Psicóloga.

Para saber mais sobre Nise da Silveira:


segunda-feira, 4 de abril de 2016

Depressão...


Aprecio muito este vídeo realizado pela Organização Mundial de Saúde. A animação retrata os sintomas da depressão de uma forma leve e bem explicativa. Importante assistir.


Depressão é uma questão séria. Não é frescura; não se resolve com tanque de roupa para lavar (ainda se fala isso pelo Brasil...); não cura em mesa de bar, tomando Chopp com um amigo; uma voltinha no shopping não resolve os problemas decorrentes da depressão; psiquiatras e psicólogos não são profissionais de “malucos”...

“Quem é esta Senhora lúgubre que se impõe sem pedir licença e sem dizer a que veio? Ela se instala: um aperto no peito, aquele nó na garganta, medos aflorados... A Senhora parece gostar dos medos, quem sabe, até, se alimenta deles e, com sua fome voraz, vai tragando toda confiança e, quase sempre, toda esperança.... De repente um vazio insondável... Dor!

A depressão é uma Senhora de vestes tristes. É resoluta. Apossa-se da vida alheia, mina a vontade, apaga a luz do sol, apaga o sorriso do rosto. Não se curva diante da dor. Ela manda:

Não queira

Não sinta

Não vibre

Não seja

Não! Não! Não!

Vazio. Vazio. Vazio.

Se diz a Senhora de todas as impossibilidades e impotências...

Não há possibilidade de cura da depressão fora do cuidado. O cuidado médico (Psiquiatra) e o cuidado da psicoterapia (Psicólogo). Sem essa combinação de cuidado e acolhimento a doença fica no colo da Senhora fúnebre. Uma mãe desalmada, amamentando com desesperança o filho doente...”


A depressão já é considerada uma das doenças mais incapacitantes pela OMS. As políticas públicas de saúde precisam estabelecer ações mais eficazes para tratamento e prevenção da doença.


Por Mariangela Venas


segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

FAMÍLIA e os tempos modernos.

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O psicólogo clínico, de maneira geral, está sempre envolvido com o tema FAMÍLIA... Trata-se de um tema recorrente, tendo em vista que tudo começa a partir de uma família.

Na atualidade, as famílias se configuram de variadas formas. Aquelas do comercial de margarina aparecem como sonho de consumo no imaginário popular. Contudo, elas já não refletem a realidade absoluta... Até mesmo o aplicativo WhatsApp atualizou seus emoticons para retratar outros modelos de famílias, como as homoparentais, por exemplo.

Hoje, vou compartilhar um texto que considero muito apropriado. Foi publicado na revista Veja (14 de fevereiro de 2007), é um texto da escritora Lya Luft.  Embora tenha quase 10 anos a publicação é de uma pertinência que, para mim, o fez atemporal.

As questões apresentadas pela autora são questões que cotidianamente aparecem no meu trabalho como psicóloga. São as dúvidas de pais, avós, responsáveis e são, muitas vezes, o resultado de uma convivência familiar que deixou marcas.... Algumas tão doloridas que nem o tempo consegue aplacar...  

Vou apresentar o texto na íntegra e destacar alguns trechos que considerei impecáveis! Boa leitura, envie comentários.

“ FAMÍLIA TEM DE SER CARETA

Esperando uma reação de espanto ou contrariedade ao título acima, tento explicar:  acho, sim, que família deve ser careta, e que isso deve ser um bem incomparável neste mundo tantas vezes fascinante e tantas vezes cruel. Dizendo isso não falo em rigidez, que os deuses nos livrem dela. Nem em pais sacrificiais, que nos encherão de culpa e impedirão que a gente cresça e floresça. Não penso em frieza e omissão, que nos farão órfãos desde sempre, nem em controle doentio – que o destino nãos nos reserve esse mal dos males. Nem de longe aceito moralismo e preconceito, mesmo (ou sobretudo) disfarçado de religião, qualquer que seja ela, pois isso seria a diversão maior do demônio.

Falo em carinho, não em castração.  Penso em cuidados, não suspeita. Imagino presença e escuta, camaradagem e delicadeza, sobretudo senso de proteção. Não revirar gavetas, esvaziar bolsos, ler e-mails, escutar no telefone, indignidades legítimas em casos extremos, de drogas ou outras desgraças, mas que em situação normal combinam com velhos internatos, não com a família amorosa. Falo em respeito com a criança ou o adolescente, porque são pessoas, em entendimento entre pai e mãe – também depois de uma separação, pois naturalmente pessoas dignas preservam a elegância e não querem se vingar ou querer continuar controlando o outro através dos filhos.

Interesse não é fiscalizar ou intrometer-se, bater ou insultar, mas acompanhar, observar, dialogar, saber. Vejo crianças de 10, 11 anos frequentando festas noturnas com a aquiescência de pais irresponsáveis, ou porque os pais nem ao menos sabem por onde elas andam. Vejo adolescentes e pré-adolescentes embriagados fazendo rachas alta noite ou cambaleando pela calçada ao amanhecer, jogando garrafas e carros que passam, insultando transeuntes – onde estão os pais?

Como não saber que sites da internet as crianças e os jovenzinhos frequentam, com quem saem, onde passam o fim de semana e com quem. Como não saber o que se passa com eles?  Sei de meninas, quase crianças, parindo sozinhas no banheiro, e ninguém em casa sabia que estavam grávidas, em pai nem mãe. Elas simplesmente não existiam, a não ser como eventual motivo de irritação.

Não entendo a maior parte das coisas solitárias e tristes que vicejam onde deveria haver acolhimento, alguma segurança e paz, na família. Talvez tenhamos perdido o bom senso. Não escutamos a voz arcaica que nos faria atender a crias indefesas – e não me digam que crianças de 11 anos ou adolescentes de 15 dispensam pai e mãe. Também não me digam que não têm tempo para a família porque trabalham demais para sustenta-la. Andamos aflitos e confusos por teorias insensatas, trabalhando além do necessário, mas dizendo que é para dar melhor nível de vida aos meninos. Com essa desculpa não os preparamos para este mundo difícil.  Se acham que filho é tormento e chateação, mais uma carga do que uma felicidade, não deviam ter tido família. Pois quem tem filho é, sim, gravemente responsável. Paternidade é função para a qual não há férias, 130 , aposentadoria. Não é cargo para fiscal tirano nem para um amiguinho a mais: é par ser pai, é para ser mãe.

É preciso ser amorosamente atento, amorosamente envolvido, amorosamente interessado. Difícil, muito difícil, pois os tempos trabalham contra isso. Mas quem não estiver disposto, quem não conseguir dizer “não’ na hora certa e procurar se informar para saber quando é a hora certa, quem se fizer de vítima dos filhos, quem se sentir sacrificado, aturdido, incomodado, que por favor não finja que é mãe ou pai. Descarte este papel de uma vez, encare a educação como função da escola, diga que hoje é todo mundo desse jeito, que não existe mais amor nem autoridade... e deixe os filhos à própria sorte.

Pois, se você se sentir assim, já não terá mais família nem filhos nem aconchego num lugar para onde você e eles gostem de voltar, onde gostem de estar. Você vive uma ilusão de família. Fundou um círculo infernal onde se alimentam rancores e reina o desamparo, onde todos se evitam, não se compreendem, muito menos se respeitam.

Por tudo isso e muito mais, à família moderninha, com filhos nas mãos de uma gatinha vagamente idiotizada e um gatão irresponsável, eu prefiro a família dita careta: em que existe alguma ordem, responsabilidade, autoridade, mas também carinho e compreensão, bom humor, sentimento de pertença, nunca sujeição.
É bom começar a tentar, ou parar de brincar de casinha: a vida é dura e os meninos não pediram para nascer. ”

E para você? O que é ser pai e mãe? Vamos falar sobre isso? Deixe seu comentário. Sugira temas.


Por Mariangela Venas

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Sugestão de um bom filme: A Garota Dinamarquesa





Abordou uma temática delicada com o respeito merecido pelas pessoas que vivem dramas semelhantes. 

E a riqueza da obra se deu especialmente porque abriu mão da banalização do tema.

Os atores estão irrepreensíveis na forma como conduziram seus personagens. A sutileza e a beleza da transformação do casal remete a um amor incondicional. Difícil nos tempos pós modernos...

A última cena é um presente para quem gosta de simbolismos... 



segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Contradições...

Costuma-se dizer (e não gosto muito desta ideia...) que o ano começa após o Carnaval. Que seja assim, então, que o ano finalmente comece e possamos cuidar um pouco mais daquilo que realmente importa.

O carnaval trouxe para avenida a exuberância de corpos esculpidos em muitas horas de exercícios intensos, dietas rigorosas, cirurgias estéticas e, quem sabe, algumas doses de anabolizantes. Corpos perfeitos... diriam alguns.

Verão, tempo de férias, praia e um olhar um pouco mais atento me sugere que a cada estação há um contingente maior de pessoas obesas disputando um lugar ao sol...

Ao que me parece, estamos lidando com dois extremos: o corpo exaustivamente cultuado e o corpo negligenciado. Onde há excesso é comum encontrarmos problemas.

A OMS considera a obesidade como um relevante problema de saúde pública. Nunca se falou tanto em alimentação saudável; em treinamentos funcionais; em tratamentos e intervenções cirúrgicas para o corpo perfeito. Exclui-se da alimentação sem o menor critério glúten, lactose e até o arroz e feijão, que tem sido a base alimentar dos brasileiros por anos e anos. Tudo com a proposta de reduzir o peso e, quem sabe, aplacar a culpa por sentir fome.  Come-se muito e arrepende-se muito, em um movimento de significativa compulsão.

Assim, o corpo, embora cultuado maciçamente na atual sociedade é também um corpo marcado pela obesidade. A alimentação deixou de ser um processo natural de sobrevivência e prazer para se tornar um fardo na vida contemporânea.

E isso parece ser provocado pelo fato de estarmos buscando respostas para as angústias mais primitivas na comida. Se há um vazio, provocado por uma ausência afetiva, busca-se o preenchimento em um pedaço de torta. Se houve um aborrecimento no trabalho, a saída é afogar as mágoas em petiscos na saída da empresa. Utiliza-se como recurso, quase exclusivamente a geladeira.... Não se tem uma disposição interna para lidar com os dissabores do cotidiano, percorre-se, assim, o caminho supostamente mais fácil da compulsão à repetição. Em uma infindável luta entre a balança e a dificuldade de lidar com aquilo que está provocando o desassossego. Vai-se avolumando o corpo, como se buscasse uma prótese psíquica para conter a inquietude da alma...

Em seu livro A Cabala da Comida, Nilton Bonder fala sobre a ambivalência do querer ser magro e do impulso que remete o indivíduo à geladeira para aplacar até mesmo a necessidade de estar em contato como a própria essência. E diz:

“Uma criança nasce, cresce, chora. Está com fome, com frio, solitária, não consegue entender o que está acontecendo. Está assustada e confusa. Em cada uma destas situações a mãe pega a criança e a leva ao seio. E então a criança se sente bem novamente.

E nós, o que fazemos? Sentimos fome? Vamos até o refrigerador. Sentimos frio? Vamos até o refrigerador. Não entendemos o que está acontecendo no mundo? Vamos até o refrigerador. Estamos deprimidos? Queremos estar em contato com nossa essência? Vamos até o refrigerador.

No entanto, pode ser apropriado ao bebê ir ao encontro do seio quando diante de todas estas necessidades, pois o seio, com certeza, dá todas estas respostas e diz algo que tem a ver com estar solitário ou com frio, solucionando os problemas. E se o sentimento é de estar confuso, há descanso no seio...”

Assim, é preciso que se tenha acesso a fonte certa para aplacar a angústia, na repetição automática não haverá a saída, porque...

“E todo este meu tecido adiposo em excesso não é nada mais do que um sinal de que não me dirigi à fonte correta. Estava procurando algo que me ajudasse de imediato e recorri a apenas uma fonte quando deveria ter recorrido a outras. ”


Por Mariangela Venas